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O Juiz (2014)

“Hank Palmer (Robert Downey Jr) é um brilhante advogado que aparentemente tem uma tendência de defender somente as pessoas culpadas e que se...



“Hank Palmer (Robert Downey Jr) é um brilhante advogado que aparentemente tem uma tendência de defender somente as pessoas culpadas e que segue um lema que repete a si mesmo sempre: Innoncent people can’t afford me - Os inocentes não tem condições de me pagar.
Deixando de lado seu trabalho (onde ganha fortunas) a sua vida não anda muito certa. O horizonte é incerto. Um divórcio a vista e para piorar recebe a notícia do falecimento de sua mãe e se vê obrigado a retornar a sua antiga casa no interior de Indiana e novamente se encontrar com seus parentes. As ligações com eles (sobretudo seu pai) nunca foram as melhores. A sua estada no local acaba sendo estendida quando seu pai (o Juiz do título) é acusado da morte de um homem que condenara anos antes.”


Gosto de filmes de julgamentos. E sei que os americanos (os novos romanos) amam esse tipo de temática. Um processo que gere paixão, opiniões inflamadas. Nada melhor que um local como um tribunal para canalizá-las e buscar ampliar o sentido de tudo isso. No entanto algo deve ser dito. Como seu diretor irá nos apresentar um algo já conhecido. Afinal como muitos já apontaram, desde o início sabemos que haverá o embate entre pai e filho e o retorno do filho a sua origem tem um lá não sei o que de volta do filho pródigo. Conhecer uma história não descarta a obrigatoriedade de se ver uma encenação. Afinal o que importa é a forma que tudo será abordado, de como um velho tema nos será apresentado.
Logo no início do filme quando somos apresentados a figura de Hank, tal é feito de maneira competente e que nos prende o interesse. O roteiro consegue sintetizar um homem em frases que marcam. A já citada na sinopse acima e essa que me marcou mais: Moro numa casa à beira da floresta e durmo com uma mulher que tem a bunda de uma adolescente. Frases essas que servem para resumir muito bem o mundo em que vivemos e a mentalidade americana. O homem é visto pelo que tem, pelo que pensa possuir. Alguns seres são simples objetos de outros e Hank não deixa também de possuir um dono: O dinheiro. Quando entramos na residência de Hank tudo é plasticamente perfeito: alto luxo, uma bela filha, uma bela mulher. Mas a embalagem esconde problemas: a mulher está para se separar. Forma essa encontrada pelo roteiro para reforçar a ideia de se voltar as raízes para um recomeço. E é o que vai ocorrer. O problema é que a partir daí o roteiro descamba. Fora os dois atores principais o resto do elenco nos fascina. Mas os personagens que se apresentarão são deslocados, fracos mesmo. Mesmo a pequena cidade onde ele se enfurnará desmente o que de início serviu de base para a história. Não existe ali nada de puro. A ideia que move os grandes centros já contaminou a cidade, ainda que seu ritmo ali seja menos frenético. O embate entre pai e filho também demora a acontecer. Faltam bons diálogos, boas cenas e sobra boa intenção. Um dos problemas é que o filme é longo e recheado de cenas vazias (para justificar a presença de parte do Cast?). 

Em realidade o desejo de se realizar uma espécie longa metragem para matinês dentro da linha chamada por lá de “procedural movies” derrapa sobretudo nessa longevidade de metragem. Acaba por reforçar as fraquezas da obra, a sensação de um déjà vu enfadonho.

O embate entre um jovem acostumado as facilidades da lei e um velho que vive do rigor dela e é tido como incorruptível não é bem explorado. O Juiz também não é uma figura tão impoluta assim e peca pelo orgulho e vaidade (não se afastou do cargo apesar das limitações imposta pela doença e seu tratamento comprometendo o sistema que diz honrar). Mas o roteiro apenas pincela isso e não o explora, não o discute. Tudo fica na superfície. Aliás as temáticas são várias, todas sombrias e complexas, oriundas de uma reflexão sobre a idéia de justiça indo até a doença, passando por rancores familiares, alcoolismo, paternidade, amores passados. Estão lá, mas nada é aprofundado, tudo serve apenas de recheio, mas falta sabor a tal tempero. Apesar disso o espectador novato pouco afeito a tal tipo de filme e aquele que já conhece de antemão o que virá (o conhecedor de tal legado) não se desagradará durante sua projeção. O primeiro por estar entrando em contato com a temática agora, o outro por ter a esperança que em algum momento algo genial irá coroar de sentido maior o que já conhece. Esse último aguardará até o último instante e sairá do cinema com a sensação de que o filme ainda não terminou.
No aspecto técnico destaque para a trilha sonora. Ela acompanha o espectador e o que vai na tela (ou pelo menos a tentativa em alguns momentos) de maneira perfeita. No começo do filme por estarmos dentro de uma metrópole seu ritmo é mais acelerado e vai se amoldando ao novo cenário onde se desenrolará a trama. Já a fotografia...Essa é mais desequilibrada. Por exemplo: Joga-se muita luz no tribunal que me soa gélido o que contrasta com o calor da imagem. E isso se repete em vários momentos da película.

Não decepciona totalmente mas soa-me como um desperdício de um elenco com potencial em um filme no máximo regular. Uma pena.


Escrito por conde Fouá Anderaos

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