Beleza Americana é uma das obras-primas vindas do glorioso ano de 1999 e conseguiu realizar grandes feitos: o filme agradou tanto ao público...
Começando pelo trabalho realizado por Sam Mendes, muito sensível e sutil, ao mesmo tempo em que consegue equilibrar essas características com a ironia e sinceridade necessária. Muitos outros filmes, antes e, principalmente, depois de Beleza Americana passaram a retratar as relações familiares e suas frustrações nos subúrbios americanos (inclusive Foi Apenas um Sonho, do mesmo Sam Mendes), mas nenhum alcançou e poucos chegaram perto da obra-prima de Sam Mendes.
O roteiro de Alan Ball é um primor por causa de sua originalidade e pela coragem em retratar as situações e problemas familiares até então evitados e que passaram a ser vistos e discutidos sob uma nova ótica. É, portanto, um roteiro poderoso e marcante para a sociedade americana e, pela sua grandiosidade, para o cinema moderno.
O trabalho do elenco é inesquecível, sem dúvida um dos melhores elencos da história recente do cinema. De atores como Kevin Spacey e Annette Bening já podíamos esperar grandes atuações, porém, mesmo eles sendo que são, conseguiram surpreender (positivamente, é claro) tamanho o nível de suas interpretações. Kevin Spacey ganhou o Oscar de Melhor Ator, em uma disputa difícil, mas onde sem dúvida ele era o melhor, após criar um Lester por vezes engraçado, por vezes tocante, e que, apesar de ser alguém sem grandes perspectivas, mostra uma grande mudança em seu comportamento (mesmo por um motivo não tão nobre), transformando-se em um personagem inesquecível. Annette Bening também está excelente naquela que considero a atuação de sua carreira, mas que perdeu a estatueta dourada para a não menos excelente Hilary Swank em Meninos Não Choram.
Além de Spacey e Bening, Chris Cooper prova mais uma vez seu grande talento, em especial para personagens difíceis e quase sempre asquerosos, como é o caso do Coronel Frank, o recém-chegado vizinho de Lester. Todos os demais coadjuvantes estão corretos, mas se tratando de atores até então tão mal aproveitados (ou simplesmente inexpressivos mesmo), o crédito vai novamente para Sam Mendes, que mesmo em seus filmes posteriores (alguns medianos), mostra-se um diretor com grande capacidade de "ajudar" os atores.
Como se já não fosse suficiente para uma obra-prima ser excelente na direção, no roteiro e elenco (e já é muitas vezes), Beleza Americana está longe de possuir uma técnica descuidada, graças a edição e fotografia acima da média e, principalmente, a trilha sonora marcante de Thomas Newman.
Enfim, em uma época em que a imensa maioria dos filmes não atinge sequer o mínimo exigido (o básico filme "com uma história bem contada"), Beleza Americana surpreendeu e influencia até hoje o cinema e até as nossas próprias vidas (eu, por exemplo, adoro citar a frase "Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida", entre outras referências ao filme).
Nenhum comentário