Após o fracasso retumbante de A Lenda de Lylah Clare, a estréia de Aldrich em seu novo estúdio, o diretor, agora um pouco mais confiante, la...
Após o fracasso retumbante de A Lenda de Lylah Clare, a estréia de Aldrich em seu novo estúdio, o diretor, agora um pouco mais confiante, lança no mesmo ano de 1968 esse Três Mulheres na Intimidade, seu filme mais audacioso até o momento e o que se tornou o favorito de Aldrich, tal qual o mesmo viria a afirmar mais tarde. Baseado na peça de Frank Marcus, o filme que em terras lusófonas também é conhecido como Triângulo Feminino é mais uma crítica do diretor a Hollywood, sob dessa vez, um plano de fundo baseado no lesbianismo, tema principal da obra. A forma com que o filme assume uma montagem teatral aliada ao tema do mesmo acabam tornando-a algo muito próxima de As Lágrimas Amargas de Petra von Kant, peça e filme de Rainer Werner Fassbinder, porém com um pouco mais de agilidade. Durante muito tempo, Hollywood era reinada pelo moralismo, onde todas as obras lá realizadas deveriam seguir uma rígida cartilha que dizia o que era decente ou não nos seus filmes. Tal cartilha caiu por água abaixo apenas no início da década de 60. Em 1964, Aldrich, já um ex-filho da América e agora com um pensamento muito mais europeu e uma visão quase que negativa dos Estados Unidos, pretendia colocar a nudez finalmente permitida em seu Os Quatro Heróis do Texas. Porém, por conta da pressão dos produtores, tais cenas acabaram sendo descartadas. Quatro anos depois, ele finalmente consegue colocar tais cenas em um filme, mesmo que sendo de uma nudez meramente parcial. Para acentuar esse "choque à burguesia" que Aldrich visava, ele acabou por inserir tal nudez em meio à uma tórrida cena de sexo lésbico nos minutos finais do filme. Nunca Aldrich esteve tão livre, e consequentemente, nunca esteve tão feliz. A história gira em torno de Sister George, uma freira personagem de uma série televisiva, amada e adorada por milhões de espectadores. Sister George é interpretada por June Buckridge, uma mulher arrogante, petulante e dominadora, o perfeito oposto de sua personagem. June vive com sua companeira, Alice McNaught, vulgo Childie, uma jovem cuja vida aparentemente se resume a orbitar em torno da figura de June. Porém, em certo ponto June descobre que Sister George será morta, e consequentemente retirada do programa. Para acalmá-la e ajudar a reestruturar sua vida está a produtora Mercy Croft, que acaba entrando em sua vida pessoal mais do que deveria. Aldrich sempre trabalhou com elencos de peso, formados por figuras do alto escalão do cinema norte-americano, mas dessa vez, ele conta com um elenco de certo modo pouco conhecido. Coral Browne como Mercy Croft, Susanna York, que viria a ser indicada ao Oscar no ano seguinte por seu papel em A Noite dos Desesperados, como Childie, e Beryl Reid como George, em papel que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro. A ousadia de tal filme acabou rendendo uma grande dor de cabeça para Aldrich, que por ser também o produtor, se viu diante de um enorme problema quando os departamentos de classificação indicativa americano e inglês classificaram tal filme com a famigerada X-Rated, que proibe a exibição para menores de idade, mesmo acompanhados de um maior. Aldrich gastou 75.000 dólares em ações judiciais na corte americana para conseguir que seu filme fosse reduzido a um R, porém apenas quatros anos após seu lançamento. Já na Inglaterra, a redução só veio após severos cortes na cena de sexo lésbico. The Killing of Sister George, como no original, é um marco na carreira de Aldrich. Aqui ele abandona de vez o cinema de estúdio para partir em direção a um cinema essencialmente alternativo, influenciado pelos europeus e por uma nova geração de cineastas americanos que vinha surgindo na década de 60, entre eles John Cassavetes. Está nascendo um Robert Aldrich diferente.
Preciso deste filme!
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