Pages

Recentes

latest

Meu Tio (1953) - Crítica

Tati é um caso a parte dentro da filmografia mundial. Um artista que criou comédias e que conteve o “gargalhar”, que poderia facilmente brin...


Tati é um caso a parte dentro da filmografia mundial. Um artista que criou comédias e que conteve o “gargalhar”, que poderia facilmente brindar o seu público, aumentando o número deste consideravelmente. Não quer dizer com isso que ele não seja engraçado, muito pelo contrário, sua obra o é. E apesar de pequena, basta para coloca-lo ao lado dos maiores comediantes, tais quais Chaplin, Keaton, Loyd, Langdon, Stan Laurel e Oliver Hardy. Ou seja trata-se de um gênio. Aqui em "Meu Tio" o tema principal de suas preocupações surge nítido: o embate entre o mundo novo e o antigo. O primeiro surge frio e funcional e o segundo caloroso.
No bairro onde vive Hulot, tudo (as pessoas e os objetos) possuem o conhecimento de seu valor. No outro, tudo soa esteticamente perfeito, porém inútil (parecem prender o ser humano). A casa de seu cunhado parece ter vida própria. E é ela que controla as pessoas, ditando regras, ao invés de servir seus moradores.
A história em si é bem simples, porém o olhar do diretor a engrandece ao máximo: Trata da família Arpel que vive numa residência super-moderna, recheada de todas as últimas maravilhas da modernidade. Charles é o pai, diretor de uma usina de plástico. Sua mulher a dona de casa perfeita. Eles tem um filho Gerard, que ao sair da escola, passeia pelo bairro vizinho com seu tio Hulot. Charles acha que Hulot é um mau exemplo para o menino, pois ele é dispersivo e desempregado. Para afastar o menino dele, ele planeja casa-lo com uma vizinha, dando-lhe uma ocupação na usina em que trabalha. Só que Hulot é um indivíduo que não se enquadra no novo sistema de vida que surge. É, ainda que de maneira inconsciente um que resiste. Talvez a cena que melhor defina a obra de Tati, seja o final de seu curta “Escola noturna” onde o professor parece que vai desaparecer atrás de um moderno edifício, mas é o prédio que se movimenta (era uma maquete) para que ele possa ir até a sua humilde casa de camponês.
“Meu tio” é um filme de valor incalculável, por nunca procurar o óbvio e o fácil, mas sobretudo pelo resultado que surge diante de nossos olhos.

Escrito em 21/07/2007 por Conde Fouá Anderaos

Nenhum comentário