Não existe nada menos comercial no cinema do que um média-metragem. Sem chances de estrear comercialmente e com pouquíssimas possibilidades ...
Não existe nada menos comercial no cinema do que um média-metragem. Sem chances de estrear comercialmente e com pouquíssimas possibilidades de ser aceito em festivais, filmes de duração entre 45 e 75 minutos estão fadados ao limbo. Mas claro, para um sujeito que faz barcos cruzarem montanhas, supostamente hipnotiza galinhas e, o mais chocante, possuia certo controle sobre Klaus Kinski isso não é um problema. De um misticismo superado apenas talvez por Jodorowsky, Werner Herzog nos leva durante 60 minutos para uma viagem ao interior da Rússia, onde conhecemos um pouco mais sobre os costumes religiosos de tal região, sempre sobre o olhar curioso (e por vezes sacana) do alemão.
Em um dos momentos mais simbólicos do filme, vemos dois peregrinos rastejado sobre um lago congelado enquanto em profundo transe religioso em busca da cidade invisível de Kizeth, que segundo a tradição teria sido afundada por deus para protegê-la de ataques mongóis. O fato de que na realidade tais peregrinos nada mais eram do que dois sujeitos quaisquer, profundamente embriagados que foram contratados em um bar da região para a cena é absolutamente irrelevante. Herzog como bom documentarista que é conhece os limites da verdade como poucos. Filmes modernos se vendem como documentário, que em sua essência é nada mais do que um documento retratando a realidade, quando na verdade nada mais são do que propaganda. Werner não molda a realidade aqui, o artifício dele se resume a uma necessidade prática de exatamente mostrar a verdade. Na ausência de peregrinos, coloca-se um para que possa ser captado pela câmera uma realidade que, embora não presente no momento, é não menos real.
Passeando por entre as mais diversas figuras religiosas, uma se destaca mesmo desconhecendo sua história. Um jovem, de cabelos e barbas longas e olhos claros, intitulando-se como o Cristo e distribuindo palavras de amor e compaixão. No clímax do filme, somos abençoados por meio de um monólogo direto à câmera. Uma figura messiânica que, pasmem, é de fato um messias (pelo menos para sua religião). Fundador da Igreja do Último Testamento, Vissarion (nome pelo qual é conhecidoSergey Anatolyevitch Torop) possui um numero estimado de 50 mil seguidores na taiga russa, principalmente no Krai deKrasnoyarsk. Herzog, o mago, o místico, com sua voz profunda dublando os ensinamentos de Vissarion já é o bastante para aclamarmos o filme.
Mas mais do que isso, temos aqui um retrato de uma Sibéria bucólica, de paisagens esplendorosas e pessoas e cânticos não menores. Ettore Scola dizia que é possível conhecer o mundo inteiro sem sair do lugar por meio do cinema, e muito prazerosa é essa viagem para uma das áreas mais remotas e gélidas do planeta tendo Herzog como guia (válido também para Encontros no Fim do Mundo).
Em um dos momentos mais simbólicos do filme, vemos dois peregrinos rastejado sobre um lago congelado enquanto em profundo transe religioso em busca da cidade invisível de Kizeth, que segundo a tradição teria sido afundada por deus para protegê-la de ataques mongóis. O fato de que na realidade tais peregrinos nada mais eram do que dois sujeitos quaisquer, profundamente embriagados que foram contratados em um bar da região para a cena é absolutamente irrelevante. Herzog como bom documentarista que é conhece os limites da verdade como poucos. Filmes modernos se vendem como documentário, que em sua essência é nada mais do que um documento retratando a realidade, quando na verdade nada mais são do que propaganda. Werner não molda a realidade aqui, o artifício dele se resume a uma necessidade prática de exatamente mostrar a verdade. Na ausência de peregrinos, coloca-se um para que possa ser captado pela câmera uma realidade que, embora não presente no momento, é não menos real.
Passeando por entre as mais diversas figuras religiosas, uma se destaca mesmo desconhecendo sua história. Um jovem, de cabelos e barbas longas e olhos claros, intitulando-se como o Cristo e distribuindo palavras de amor e compaixão. No clímax do filme, somos abençoados por meio de um monólogo direto à câmera. Uma figura messiânica que, pasmem, é de fato um messias (pelo menos para sua religião). Fundador da Igreja do Último Testamento, Vissarion (nome pelo qual é conhecidoSergey Anatolyevitch Torop) possui um numero estimado de 50 mil seguidores na taiga russa, principalmente no Krai deKrasnoyarsk. Herzog, o mago, o místico, com sua voz profunda dublando os ensinamentos de Vissarion já é o bastante para aclamarmos o filme.
Mas mais do que isso, temos aqui um retrato de uma Sibéria bucólica, de paisagens esplendorosas e pessoas e cânticos não menores. Ettore Scola dizia que é possível conhecer o mundo inteiro sem sair do lugar por meio do cinema, e muito prazerosa é essa viagem para uma das áreas mais remotas e gélidas do planeta tendo Herzog como guia (válido também para Encontros no Fim do Mundo).
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