Embora não tenha o devido reconhecimento nos Estados Unidos ou no Brasil, na Europa Chantal Akerman é considerada uma das cineastas mais imp...
Embora não tenha o devido reconhecimento nos Estados Unidos ou no Brasil, na Europa Chantal Akerman é considerada uma das cineastas mais importantes de sua geração, servindo de influência para diversas obras de outros cineastas. Ao mesmo tempo, ela também apresenta fortes influências do cinema de Jean-Luc Godard e do cinema experimental de nomes como Michael Snow e Andy Warhol.
Chantal é uma cineasta extremamente ideológica, tendo suas concepções de mundo perfeitamente desenvolvidas e explorando-as em suas obras, tornando-se assim uma cineasta fundamentalmente autoral, algo cada vez mais raro no cinema contemporâneo cujo objetivo fundamental na grande maioria dos casos é alcançar altas arrecadações em bilheteria.
Da experiência com sua mãe, Chantal herdou o feminismo, presente em quase todas as suas obras e alcançado o ápice em Jeanne Dielman, considerado pelo The New York Times como a "Primeira obra-prima do feminismo na história do cinema". Por conta de sua homossexualidade, Chantal torna o tema da sexualidade algo também recorrente na sua obra, com o ápice em Eu, Tu, Ele, Ela e a primeira cena de lesbianismo explícito na história do cinema. De toda a sua vida, Chantal busca inspiração para seus personagens, extremamente complexos e bem trabalhados, assemelhando-se bastante à construção de personagens presente nos filmes de Robert Altman.
O cinema de Chantal se divide e duas partes bem distintas. A primeira abrange o ínicio de sua carreira, na década de 60 e 70. Nesse período, sua obra tem um tom bem peculiar, ambientando-se em espaços fechados que conferem à obra um clima claustrofóbico. Nesse período, seus filmes vêm sempre acompanhados de câmera estática e longas tomadas, com diálogos mínimos, num estilo que lembra os primórdios do cinema e a obra de Georges Meliès (porém, bem mais profundo). Na segunda parte, a partir dos anos 80, Chantal se torna uma cineasta mais convencional, mas não menos criativa. Seus temas ainda estão presentes, porém se fazem mais discretos. Pode-se dizer que os seus filmes desse período tem a cara do cinema europeu.
Chantal é perfeccionista ao extremo em seus filmes, com cada quadro, cada frase e cada personagem cuidadosamente pensados. Em personagem, pode-se até incluir o ambiente onde a trama se desenrola, visto que em todos os seus filmes a relação entre o protagonista e o ambiente em que ele vive é altamente explorada. Seu cinema é basicamente um cinema do cotidiano, tal como o de Yasujiro Ozu, porém, ao invés de retratar a sociedade japonesa, ela retrata a sociedade européia, e o faz de uma maneira extremamente apurada e pessoal.
Chantal Akerman é digna de figurar entre as listas de maiores diretores da história do cinema, porém, inelizmente, ainda precisa ser descoberta por muita gente para alcançar esse reconhecimento.
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