Nos primeiros minutos de Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973), somos intruso da câmera exploradora de Fujita em uma prisão japonesa n...
Nos primeiros minutos de Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973), somos intruso da câmera exploradora de Fujita em uma prisão japonesa na Era Meiji, onde um parto ocorre e através da quadrada janela uma neve avermelhada cai. Não sabemos de nada, somos entregue como Yuki, o bebe recém-nascido, sem nenhuma informação, apenas o desejo de vingança .Em Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973) a uma narrativa que persegue não só a personagem em seu contexto, mas também todo o cenário japonês histórico, que além de tornar a trama mais rica e interessante, também nos conta do passado de Sayo Kashima(Myioko Akaza), mãe da “criança do submundo”, que deu a missão cruel a pobre criança de se vingar.
Tudo em Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973) é potencialmente original, desde a música “Flowers of Carnage” introduzida no fim e no começo da trama da própria atriz que interpreta a nossa protagonista até jogos de câmeras. Afinal, Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973) não se trata apenas de uma vingança melodramática, mas também de uma poesia escrita de sangue, que ambienta todo o cenário do terror sem fim de uma guerra e principalmente, suas consequências. Bem utilizado, as cores, se alternam entre vermelhos e brancos principalmente, não apenas pelo sangue pouco modesto usado na película, mas também em dentre diversas mensagens filosóficas a tal sol nascente japonês.
Bem contornado, o desenho de Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973) viaja sobre o tempo sem misturar ou confundi-los, mas sim para em retoques de memorias não só Yuki se lembre de sua cruel missão dada na terra, mas também o espectador a qual tudo isso é novo. Inovador, Fujita responde a essa trama e o desejo de Yuki na tragédia, o clássico espetáculo a qual o público esta acostumado, para enfim traçar desde o começo do treinamento juvenil da protagonista até o seu acerto de contas. Como um dominó, as peças que se caiem levam diretamente a surpreendentes reviravoltas e descobertas fascinantes, ao olhar pálido e cruel da criança do submundo.
Em lutas desafiadoras, Fujita utiliza diferente posições que podem chegar até ao close-up que rapidamente dentro da memória despertem cenas ou em flash rápidos e velozes da imaginação e do sofrimento de Yuki, que nunca foi realmente um ser humano qualquer, mas sim um monstro fruto da guerra e de uma desesperada busca por aquilo que tanto cega e interessa o cinema oriental em mostrar, a vingança. Em 4 capítulos, a saga japonesa chega a esbarrar no amor, e é pelo cinema moderno de Fujita traduz uma obra muito conservadora e desde expressões ou propriamente gestos adentra em um mar sangrento sem fim.
É claro que é impossível ver Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973)mesmo com suas contradições na trama em si e diferenças, se assemelhe tanto a Kill Bill - Volume 1(idem, 2003), de Quentin Tarantino que voltou-se em 3 décadas passadas para reanimar essa essência tão rara que o cinema original precisa, por que sobretudo, não apenas homenageá-lo, a missão de Tarantino foi reservar em seu filme as aulas aprendidas através dessa e tantas outras pérolas do cinema oriental que conheceu pela “tela grande”.
A uma melancolia única em Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973)para ambientar todo o cenário da Era Meiji, que impressiona em cores e na utilidade nostálgica e corajosa de seguir uma narrativa por vezes muito esquecida que fundou uma época de um Japão solitário, cruel que a neve tanto mostrava, que a guerra tanto pintava. Desde o nascimento da ira, fica provado então para o espectador esse símbolo da ira progenitora e irônica que faz nascer um fruto apodrecido e cego capaz de ignorar ou pensar em algo. Mesmo que Yuki, não tenha sofrido a guerra, em planos e mais planos, a cada corte na garganta, em cada momento que degola cada um de seus considerados inimigos, prova essa saga infernal segundo Fujita que o destino da a um ser e assim por diante para terminar no alvoroço sangrento que todos desejam um para o outro, não haverá branco que proteja a marca vermelha, provando o sangue como a barreira para o paraíso e da vingança oca, uma morte dentro do próprio mar sangrento afogado. A tragédia grega passa para o Japão, vira cinema oriental, cria o moderno sob o melodrama conservador e é relembrando e reanimado muito tempo depois. Senhora Sangue de Neve(Shurayukihime, 1973) é mais uma prova e vestígio de um cinema muitas vezes esquecido, mas sempre vivo, uma pérola oriental em forma de memória na prateleira de uma antiga locadora pronto para ser reanimado.
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