O último filme de Robert Aldrich. Embora isso não fosse planejado, visto que Aldrich só viria a morrer mais de dois anos após o lançamento d...
O último filme de Robert Aldrich. Embora isso não fosse planejado, visto que Aldrich só viria a morrer mais de dois anos após o lançamento desse título, há fortes indícios de que ele já tinha uma certa consciência de que sua carreira esta chegando ao fim (pelo menos eu prefiro pensar assim). Isso, ou então ele simplesmente havia perdido totalmente a sanidade mental. Se em Choirboys e Frisco Kid ele já demonstrou que não dava mais a mínima para o que pensassem dele, visto que já tinha uma carreira sólida e certa reputação e prestígio, nesse All the Marbles ele leva ao extremo a idéia de fazer filmes para si mesmo, como se fossem esses a mais pura e completa diversão. O próprio argumento já exemplifica isso, ao focar o filme nas chamadas California Dolls, um grupo de wrestling feminino composto por duas garotas e seu agente. Bizarro é uma palavra que caracteriza bem esse filme, afinal, mulheres semi-nuas lutando não é algo lá muito bem-visto pela maioria das pessoas, sobretudo num filme que seria supostamente respeitável. Mas esse Aldrich não liga a mínima para o que as pessoas acham, e se ele quer ver ese tipo de coisa, é exatamente isso o que ele vai fazer. E para exemplificar essa natureza, existe uma cena mais do que perfeita. Pouco antes da metade do filme, Aldrich brinda-nos com uma cena que não seria de nenhuma forma essencial para o desenvolvimento da trama, mas que mostra perfeitamente a natureza do filme em questão. Tal cena se consiste em: quatro garotas de topless lutando na lama. O absoluto clichê da bizarrice, digno de progamas "humorísticos" de emissoras B que passam aos domingos à noite, capaz de destruir o respeito de qualquer coisa que a exiba. Mas Aldrich não liga. É disso que ele gosta, é isso que ele é, e o pior de tudo, nós, com muita dificuldade, acabamos sendo impelidos a aceitar que gostamos disso sim. Se em A Grande Chantagem ele chocou ao criticar Hollywood, em Os Doze Condenados ele chocou ao zombar do patriotismo dos americanos e em Três Mulheres na Intimidade ele chocou ao fazer uma cena de um erotismo lésbico ímpar até o momento, nada mais justo que encerrar sua carreira chocando, mas dessa vez, simplesmente por largar suas máscaras e assumir aquilo que ele realmente gosta, aquele que ele realmente é. Outro indício disso é a forma com que o wrestling é retratado, como sendo um esporte sério, e nãp uma mera encenação. Mas, afinal, quando se assiste a essas lutas, praticamente ninguém fica pensando que aquilo não passa de uma espécie de teatro. Todos têm a mentalidade de que estão vendo uma verdadeira luta. Certamente essa é a visão que Aldrich, provavelmente um fã do "esporte" tem ao assistir os combates, e essa é a visão que ele quis passar. Como pode ver, toda essa análise se molda sobre suposições. Supor que Aldrich já sabia que sua carreira estava no fim, supor que seja um filme feito para ele mesmo, supor que ele seja fã de werstling e mais umas duas ou três coisas... Se todas essas suposições forem realidade, não exito em afirmar que Garotas Duras na Queda, vencedor do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Festival de Hoichi (?) é definitivamente uma obra-prima. Agora, se essas suposições forem falsas, o filme não passa de uma grande bobagem.
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