
Se como
ator George
Clooney é sempre regular, muitas vezes sendo uma faceta dele mesmo, como
diretor ele ainda possui poucos trabalhos, mas já consegue resultados díspares. Estreou na
direção com
Confissões de Uma Mente Perigosa (que ainda não assisti), fez o excelente
Boa Noite e Boa Sorte e em
O Amor Não Tem Regras saiu-se muito mal. Esse seu último trabalho, entretanto, não deve ser responsável por prejudicar definitivamente sua pequena carreira como
diretor, que, após
Boa Noite e Boa Sorte, se tornou bastante promissora.
Se
Clooney já havia demonstrado certa competência como
ator, reforçada novamente nesse filme, como
diretor ele surpreendeu, seja pela sua imensa segurança e competência demonstrada aqui, mas também pela coragem em tratar de um tema difícil, em especial para o grande público, e também por optar por uma fotografia em preto-e-branco e por diálogos rápidos e fortes e abandonando o excesso de emoção.
Isso, entretanto, prejudicou apenas o sucesso comercial do filme, mas em nenhum momento vemos sua qualidade cair. O roteiro, escrito pelo próprio
Clooney e por
Grant Heslov, é um primor sustentado principalmente pela força dos diálogos. Não estamos diante apenas de um filme sobre discussões políticas, mas sobre liberdades individuais, de expressão, liberdades essas obrigatórias em qualquer país
independente do regime que lá vigore.
Clooney também soube fazer uma excelente recriação da época (começo dos anos 1950), aproveitando elementos como musicais que eram exibidos na
TV, discursos de alguns políticos, entre eles Joseph
McCarthy, que não foi interpretado por nenhum
ator, com todos os seus discursos exibidos vindo de arquivos da época.
Tanto como roteirista e
diretor,
Clooney contribuiu muito também para o elenco, que foi sem dúvida um dos melhores do ano, apoiados em diálogos excelentes e cada vez mais raros no cinema
atual e em planos longos, sem muitas
ações.
Boa Noite e Boa Sorte conta basicamente com
atores acostumados a pequenos papéis, mas que, assim como em outros filmes, entregam excelentes
atuações, com destaque para David
Strathaim, no papel do repórter Edward R.
Murrow.
Murrow, junto com alguns companheiros da
CBS, decide travar uma verdadeira batalha contra o senador Joseph
McCarthy, gerando discussões históricas em torno do caça às bruxas empreendido pelo senador a todos os suspeitos de desenvolverem
atividades “anti-americanas”, leia-se comunistas, ou simplesmente inimigos do senador, que também eram alvo de investigações no
comitê instalado por ele no Senado americano para realizar as investigações.
Seja construindo um excelente roteiro, seja desempenhando um grande trabalho por trás das
câmeras, seja
atuando sempre de forma correta ou mesmo realizando um notável trabalho técnico, George
Clooney é um grande
profissional, acertando quase sempre tanto em trabalhos mais comerciais como em filmes mais sérios, como é o caso de
Boa Noite e Boa Sorte.
O filme, como era certamente esperado pelo próprio
Clooney, não se saiu bem nas
bilheterias, mas infelizmente também não obteve muito êxito nas
premiações, que mesmo elas mais acostumadas a premiar filmes com temáticas não muito populares, não deram ao filme o seu devido reconhecimento.
Boa Noite e Boa Sorte conseguiu seis indicações ao
Oscar (Melhor Filme,
Diretor,
Ator, Roteiro Original, Fotografia e
Direção de Arte), perdendo injustamente a estatueta de Melhor Roteiro Original para
Crash – No Limite.
A reconstrução de época dos estúdios da CBS é fantástica! Estou querendo rever... Filmes assim marcam a minha formação pra sempre.
ResponderExcluirCultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com